“Só Avança quem descansa”
Vasco Pinto de Magalhães S.J
Quando a única forma de avançar é parar, parar para poder avançar. Eu paro com frequência para poder continuar.
Nesta paragem num local inspirador e icónico – A Brasileira – habito as conversas de quem me faz companhia nas mesas vizinhas.
Ao meu lado direito, num canto, dois casais Nipónicos pais e filhos calculei eu…
A outro canto uma mesa de frequentadores habituais que em amena cavaqueira partilham as peripécias do dia a dia.
Ao lado uma mesa duas senhoras que partilham as peripécias dos netos. A uma mesa com vista janela, está uma senhora que todos os dias se senta à mesma mesa habitada pela presença do falecido marido que em tempos passados tomavam todos os dias chá juntos.
Ao meu lado esquerdo senta-se um espanhol, denunciado pelo sotaque, imagino pela indumentária que será um homem de negócios, pede “un pastel de nata y una taza de vino maduro” não fossem já 18.30h no seu fuso horário.
Noutra mesa mais afastada um conhecido poeta Bracarense revê os seus últimos versos antes da publicação.
O Sr. Francisco, talvez o colaborador mais experiente da Brasileira sussurrou ao meu ouvido…menina Sandra, hoje está mais luminosa que o costume…tenho para mim, que são esses brincos…iguaizinhos aos da minha mulher, até lhe vou mostrar a fotografia.
São os momentos de paragem que me permitem ser habitada por outros que escuto e observo e me energizam para continuar.
PARAR
Permite-me dar atenção ao meu eu através de mim e através de quem comigo cruza.
Permite-me sentir o momento e sentir quem comigo o partilha.
Permite-se ser e estar no aqui e agora.
Permite-me liderar a minha vida através das minhas escolhas.
Permite-me sentir que cada momento é único, irrepetível e vale muito a pena.
Permite-me sentir a abundância do essencial
Permite-se ser no essencial.
Permite-me ser.
Permite-me….